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  • Prof. Carlos Pimenta

O Bushido na visão da Arte Marcial Russa

Atualizado: 19 de mar.


Você já deve ter ouvido ou visto isso em algum livro, revista ou filme esta palavra: “Bushido”. Literalmente o “caminho do Guerreiro” (武士道 ). O fato é que nesta palavra de origem Japonesa está contida o conceito do “Código de Honra que rege a vida e o comportamento dos Samurais” (guerreiros nobres do período feudal Japonês). O Bushido foi desenvolvido entre os séculos IX e XII e tem fortes influências das religiões e doutrinas orientais (Budismo, Xintoísmo e Confucionismo). Talvez você não conheça o Systema - Arte Marcial Russa (em russo: Система, lit. "o sistema"), método de combate dos povos eslavos, sistematizado no Sec. X na Rússia. Ele tem como pressuposto tratar o ser humano e o que está ao seu redor como um sistema integrado, com interações e trocas; um todo organizado e não só como partes isoladas/separadas. O Systema tem influência Cristã.

Sem querer me aprofundar, atualmente algumas referências fora do Brasil questionam se o que conhecemos hoje como como Bushido representa realmente os valores dos Samurais ou foram adaptados no pós guerra pelos Japonese para justificar seus atos criminosos. Independente se esses códigos foram criados para doutrinação das massas ou não (fica aí uma sugestão de aprofundamento da questão), gostaria de focar no lado positivo – já que estes são valores universais bons e que, se buscados de coração, podem elevar o ser humano. Mas o que o Bushido tem a ver com a Arte marcial Russa (Systema)? Apesar de diferentes e estarem separadas geograficamente e pelo tempo, no meu entendimento, o código Bushido e os valores do Systema propõem trazer à nossa mente valores, atitudes e comportamentos que todo homem de bons princípios devem ter para um melhor relacionamento consigo mesmo e com seus semelhantes. Isto não vale só para a vida feudal, são valores universais e fundamentais que podem e devem ser aplicados, principalmente na vida moderna, na família, no trabalho, nas relações comerciais e interpessoais. A aplicação na vida cotidiana de conceitos e valores aprendidos na sala de aula é um dos alicerces da prática e ensino do Systema. Como você verá estes valores estão interligados e são complementares entre si, de forma harmônica. Tanto no Bushido (o caminho da “pena e da espada”) quanto no Systema (“poznai sebia” – conheça-se) espera-se que as pessoas evoluam não só como praticantes de artes marciais, mas principalmente como seres humanos. Neste ponto a Arte Marcial Russa e nossa escola de Systema no Brasil é categórica: se você não está prestando atenção aos ensinamentos, os colocando em prática e melhorando, alguma coisa está fora de sintonia e precisa ser analisado. Talvez exista algum bloqueio, mágoa ou algum ponto está promovendo confronto com algo que você não quer ver ou não sabe como lidar. Neste ponto talvez o senso de comunidade e troca de experiências que temos ao final de cada aula possa ajudar.

Quais seriam os pontos de divergência do Systema e do Bushido? Pessoalmente creio que nenhum.

Quais seriam os pontos de convergência do Systema e do Bushido? Minha visão resumida em 10(+1) pontos sobre os valores que aprendemos no Systema e no Bushido que podemos perfeitamente aplicar em nosso dia a dia: 1) Compaixão – é ter empatia em relação ao próximo e as suas necessidades. É estar movido a ajudar de forma livre, desimpedida e sem buscar nada em troca. Por extensão o Amor, maior força motriz que o ser humano possui. 2) Honestidade – retidão pessoal e coragem para fazer o que é certo, é ser moralmente irrepreensível. É sempre do lado da justiça. 3) Coragem – é ter firmeza de espírito e agir para enfrentar uma situação emocional ou moralmente difícil de forma nobre. 4) Respeito – atenção e consideração para com o próximo e para os que o cerca. Respeito se dá e se conquista, não através de força mas sim de atitudes... e as atitudes tem que estar em conformidade com o discurso que se fala ou se prega. 5) Gentileza – Ser nobre, distinto, amável e cortês para com o outro. É ter a capacidade de perceber uma necessidade de alguém e/ou retribuir algo que lhe foi feito, sem ser pedido. É se harmonizar com o próximo através de atitudes e etiquetas corretas. 6) Sinceridade – é ter palavra única. Não é ser sem educação !! É ter lisura de caráter: é não mentir, não prometer o que não vai cumprir, é não agir de forma dúbia, etc. 7) Lealdade – é respeito e dedicação aos princípios e regras que norteiam a honra e a probidade, é fidelidade as pessoas e aos compromissos assumidos com elas em prol de um relacionamento saudável e maduro. 8) Dignidade - É ter consciência do seu próprio valor e o dos outros. É um atributo de construção e não ter que viver para provar alguma coisa para os outros ou para você mesmo. 9) Conhecimento – é adquirir instrução e cultura variada em prol de um bem maior. É aplica-lo de forma sábia para consigo mesmo e em prol dos outros. É conhecer também a si próprio, trabalhando de forma positiva suas capacidades e limitações. 10) Autocontrole – Não é se segurar para não explodir !!! É a aplicação prática do autoconhecimento + aceitação + serenidade + agir com comedimento e equilíbrio. E para condensar os 10 pontos... +1: 11) Honra - princípio que leva alguém a ter uma conduta virtuosa, corajosa, e que lhe permite gozar de bom conceito junto à sociedade. É o princípio maior que resume e equilibra deveres e direitos, para vivermos de forma inspiradora, tanto para nós quanto para os outros.

Em tempo: podemos de forma geral encontrar semelhanças também com a Filosofia Ubuntu da África subsaariana, que prega algo como “o amor ao próximo” (compreensão, aceitação, generosidade, compaixão, solidariedade, harmonia, etc.) e de certa forma com algumas princípios de outras religiões e doutrinas (já citadas), pelo menos em forma e conteúdo.

Quais seriam os desafios para aplicação desses valores em nossas vidas? Acredito que primeiramente o autoconhecimento, livre de preconceitos e filtros, ficando após isso a grande pergunta, a ser respondida com serenidade e sinceridade: -Será que estamos dispostos a melhorar e aplicarmos estes tópicos em nosso dia a dia? A evoluir pelo menos 1%, de forma constante e incremental em cada um deles? “A evolução do Homem passa, necessariamente, pela busca do conhecimento” (Sun Tzu).

A começar por mim, fica aí a proposta e o grande desafio!

Prof. Carlos Pimenta (Empresário, Hipnólogo Clinico especializado em Doenças e Dores Crônicas Emocionais, Acupunturista e Massoterapeuta, Instrutor Pleno de Systema - Arte Marcial Russa, Psicanalista)

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