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Análise Ambiental e Situacional (Parte 1 - Pontos de Atenção)

  • Foto do escritor: Prof. Carlos Pimenta
    Prof. Carlos Pimenta
  • 5 de mai.
  • 7 min de leitura

Atualizado: 9 de mai.


A Análise Ambiental e Situacional é uma competência que, se bem desenvolvida, ajuda a montar estratégias e tomar decisões adequadas, tanto para si mesmo (para aplicação em seu cotidiano) quanto para direção de outros que estão a sua volta (no mundo corporativo, familiar, escolar, vendas, entre outros), expande limites, aumenta a visão, etc. *** Em tempo: Embora a foto de destaque acima não pertença ao contexto Russo ou da Arte Marcial Russa, a foto da Guerra de Troia é proposital, pois é um fato de conhecimento geral das pessoas e evoca facilmente à mente os conceitos do que eu quero tratar nesses dois artigos: analisar o que está acontecendo de forma assertiva, contexto e estratégia entre partes opostas, execução, improvisação, desfecho, etc.

        Dividi este texto em duas partes, a primeira parte chamo a atenção para alguns tópicos mais conceituais e não convencionais e na segunda parte (a ser publicada) destaco, em forma de tópicos, alguns pontos de atenção que você pode usar de forma prática (em situações reais ou em exercícios de análise de vídeos da internet).

        Como professor de Systema (Arte Marcial Russa) temos uma visão mais expandida, quando fazemos esse tipo de análise, procurando ser mais amplo e não olhar as situações só do ponto de vista do que está acontecendo “lá fora”, mas também incluindo e prestando atenção a aspectos mais internalizados, como por exemplo: questionando motivações e motivadores, como se sente, possibilidades, conseguir separar de forma clara fatos e percepções, etc. Essa é uma visão que nossa Arte e Escola tem.

De toda forma recomendo sempre o estudo de vídeos que podem ser consultados na Internet, pois a prática aprimora e aguça sua capacidade cognitiva, analítica e dos sentidos.   


Algumas das capacidades “clássicas” (pelo menos na minha visão, não necessariamente na visão de todos e sujeito a variações pessoais) ligadas a esse tema são:


  • Saber olhar para o ambiente e fazer a interpretação correta das informações – ter a percepção correta do ambiente, do espaço e do desenrolar dos acontecimentos. Isto é estratégico tanto para o combate quanto para a montagem de uma estratégia empresarial.   

  • Fazer leituras diversas circunstanciais – fazer análise sob a perspectiva e situações de pontos de vista diferentes e de terceiros. A multiplicidade de perspectivas ajuda no aumento da visão, tanto do combate quanto empresarial.  

  • Desenvolver hipóteses do que pode acontecer – capacidade preditiva de cenários futuros. Ajuda a elaborar tomadas de decisões para diferentes cenários e estratégias de mitigação de possíveis riscos.

  • Reconhecer padrões (aplicados por você ou outros): conhecer e reconhecer    protocolos (normas e procedimentos), comportamentos, materiais e seu uso, etc. e melhores práticas. Conhecer como se comporta seu oponente possibilita uma análise preditiva mais acurada de onde ele estará nos seus possíveis “próximos passos”. Para o Systema que estuda e treina trabalhar no “caos” isso é fundamental.

  • Ter a percepção correta das pessoas (envolvidas ou não), do nível e envolvimento delas e do que chamo de “temperatura emocional” na situação. Ter noção de com quem está lidando e do grau de envolvimento dá vantagens competitivas.

  • Identificar o básico em saídas ou rotas de fuga.


Em algumas situações podemos empacotar este conhecimento básico em “intuição”, que é a capacidade de discernir ou “pressentir coisas”, independente do seu raciocínio ou de análise prévia cognitiva. 

Para fins didáticos vou fazer uma pequena distinção entre Combate é diferente de Luta. Em termos de Combate, pense em uma situação guerrilha urbana, luta de facções, etc. Embora em guerras o termo correto seja batalhas, em pequenos grupos (ou de modo pessoal) ocorrem combates (vou me permitir incluir tudo em um conceito só). No Combate pode não haver regras claras e os limites na prática podem ser imprecisos ou subjetivos. No caos da Luta esta acontece geralmente (normalmente, mas não exclusivamente) em ambiente esportivo ou de competição – controlado, com limites e regras (implícitas ou não). No contexto caótico do Combate estar à frente dois, três, cinco ou até mesmo um passo pode ser uma vantagem importante.

       Conhecimento formal é bom, mas a prática (mesmo que empírica) é melhor! Fazer certo é o que resolve problemas.

Neste texto vamos explorar de forma rápida alguns outros tópicos que eu considero relevantes. Obviamente existem outros que podemos explorar em outro momento.


Autoconhecimento


A capacidade verdadeira de Autoconhecimento é uma valência muito importante porque é a partir dela é que você passa a se conhecer “realmente”: suas habilidades, pontos fortes e fracos, estado emocional, seu ponto de “ebulição” (onde você perde o controle e precisa “esfriar”), o que incomoda ou não você e porque, seu apetite a riscos, suas “armas”, capacidade de ação e resiliência, criatividade e improvisação (improvisação não é fazer qualquer coisa – futuramente escreverei sobre isso), capacidade de buscar ou criar recursos internos, o que pode ser “controlado” ou monitorado por mim ou não, se tem uma personalidade e atitude mais ativa, impulsiva ou passiva,  etc. Ter uma visão correta e bem ajustada “sobre você” (e de forma expandida em seu meio, sua empresa, faculdade, grupos locais, etc.) é imprescindível. Vejo muitas pessoas com potencial (de minha perspectiva como professor) se subestimando ou com uma exacerbação irreal de si mesmo e que perdem oportunidades de crescimento no treino (ou em qualquer outra vivencia e local que participe) por ter uma visão distorcida de si mesmo (embora se essa visão é a dela, então essa visão para ela é a “real” – mas isso é outro assunto). É a partir do que você realmente é que as coisas são feitas e não do que eu “imagino ou desejo que seja”. Sob a égide deste último aspecto a “realidade” pode se mostrar “cruel” (mais dura de se enfrentar) para quem tem uma visão distorcida ou dissociada da realidade. Se um profissional não consegue saber onde está e para onde vai e gerir isso e/ou gestor não tem a capacidade de promover crescimento e extrair o melhor de seus funcionários então verifica-se que há um problema.


Capacidade de Improvisação


Ao contrário do que as pessoas em geral acham improvisar é um conceito carregado de conhecimento profundo. Fazer qualquer coisa de qualquer jeito (com qualquer pessoa em qualquer ambiente, etc.) gera qualquer resultado e isso pode te levar a qualquer lugar, que provavelmente não seja o desejável. Pense no seu músico e na sua música preferida, para ele fazer um improviso, teve que estudar muito e o que parece fluído é resultado da capacidade de ligar muitos pontos de conhecimento musical, ajustado da forma correta e harmoniosa. Na improvisação no combate (enquanto está fazendo algo) é a mesma coisa (obviamente estou me referindo a coisas mais elaboradas que extrapolam soco e pontapé). Improvisação no combate está ligado a capacidade de ver possibilidades e usá-las a seu favor. A capacidade de se reinventar a cada momento é essencial, tanto no combate quanto na vida empresarial.      


Capacidade de Análise em tempo real (sua e dos outros)


É a capacidade de se auto monitorar, desde o que se está pensando ao que se está executando (ou deixando de executar) e fazer o planejamento dos ajustes necessários. Este monitoramento pode ser em vários níveis de amplitude e profundidade, como por exemplo, como se sente em relação a determinada situação de risco (ou empresarial, numa reunião, entrevista, apresentação de um projeto, etc.). De forma expandida também é a capacidade de monitorar o que está acontecendo ao seu redor, tanto com o ambiente quanto com as pessoas envolvidas. Interpretar corretamente e com serenidade, usando a capacidade cognitiva-analítica dissociada de percepções e reações instintivas (geralmente impulsivas) agrega mais um ponto de vantagem competitiva. Essa capacidade está muito interligada e precede a próxima valência.       


Capacidade de Mudança Antecipada


Hoje vivemos em um mundo rápido em que o que “era ontem provavelmente não será amanhã”. Isso exige que as pessoas mudem de forma “natural e fluida” (se atualizem, troquem, se transforme, etc.). As vezes o problema não é mudar, mas a velocidade e adaptação em que as coisas acontecem.   Mudar, na minha opinião, tem a ver com movimento, e é um conceito muito maior do que “trocar” uma coisa pela outra, arrumar de outro jeito, substituir ou somente se adaptar (uma atitude que embora se apresente como ação, tem pouco protagonismo, ou seja, é reativa e depende do contexto). Como todo conceito complexo, está sujeito a um componente pessoal, por isso o autoconhecimento é importante. O conhecimento facilita o movimento de mudança e mudar antes que realmente se precise é o ideal (isto é, mudar só quando “se precisa” é mudar “atrasado”). Hoje em dia não há mais espaço para profissionais e empresas reativas (obviamente se quiserem se manter num mercado em plena evolução).


Mas o que isso tem a ver com Análise Ambiental e Situacional em Arte Marcial?    


Tem tudo a ver, embora nos dias atuais esse assunto não seja nem de longe abordado em aulas regulares, porque o contexto mudou e o enfoque atual em aprender Artes Marciais são outros, por exemplo: como esporte, lazer, atividade física, oportunidade de interação, aprender técnicas diferentes, pela “filosofia” da arte, etc. Todos esses motivos são pessoais e totalmente válidos. O importante é saber que existe muita coisa a mais, para aquele que quer se aprofundar... e vale a pena!     


De modo geral, quanto mais a Pessoa mantém sua visão expandida mais ela começa a perceber que é possível fazer paralelos e cruzamento de conhecimentos e informações que podem ser usados (aplicados) em muitas outras áreas da vida, consegue também medir em si mesma e no ambiente os resultados que quer (ou gostaria de ter) e fazer os ajustes necessários. Isso é fundamental em casos mais complexos de conflito e situações de combate (guerra, guerrilha, sequestro, etc.) onde a tomada de decisões assertivas é fundamental.


Os conceitos da Arte Marcial Russa são intercambiáveis e a capacidade de fazer essa transposição para outras áreas dá uma vantagem competitiva tanto no combate quanto na vida “fora do treino” (empresarial, acadêmica, nas relações familiares e interpessoais, vendas, gerenciamento de riscos e/ou conflitos e seus planos de mitigação/ação, visualização de oportunidades, etc.).    


Quando conceitos interligados são usados de forma inteligente e em justa medida (sem falta ou excesso) fazem com que a(s) pessoa(s) não se frustrem, tanto no treino de Arte Marcial, quanto na vida cotidiana, ou pelo menos mitigue ou ajude a administrar melhor quando estas situações aparecem. 


Na parte 2 do artigo traremos um caso e análise de forma prática.


“É preciso ter ampla visão para se viver a vida com mais clareza.” (Eduardo Soares)



Prof. Carlos Pimenta (Empresário, Hipnoterapeuta Clinico especializado em Doenças e Dores Crônicas Emocionais e Casos Complexos, Psicanalista, Acupunturista e Massoterapeuta, Terapeuta Integrativo entre outros, Instrutor Pleno de Systema - Arte Marcial Russa)

Instagram: @espacotfuncional e @prof.carlos.hipnoterapia

WhatsApp: (11) 9.7598-8001 Fone: (11) 3021-6769 / 3871-9533


Crédito da(s) Foto(s): Imagens do Google, composição.



P.S.:  Aos colegas Professores de Arte Marciais - este conteúdo foi feito também para você usar, desde que citada explicitamente a fonte. Não grave vídeos no YouTube ou escreva textos na Internet com meu conteúdo como se fosse seu (usando até minhas frases!!). Isso é antiético e certamente em um momento ou outro eu vou saber. Sim, tem gente que para se "impulsionar" nas plataformas que faz isso !!!




 
 
 

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